Por Bruno Silva
Portugal encontra-se actualmente num dilema, num abrir de olhos para a realidade difícil que se avizinha. Nos últimos anos o nosso país foi-se habituando sem grandes esforços a alcançar uma vantagem competitiva alicerçada por dois vectores essenciais: fortes ajudas comunitárias que têm comparticipado projectos estruturantes da nossa economia, e por outro lado, uma mão-de-obra barata face à Europa dos 15.
Acontece que em pouco tempo esse posicionamento sofreu um duro revés. Continuamos a beneficiar dos fundos estruturais, contudo devido ao alargamento da União Europeia a Leste não poderemos mais considerar esse factor como uma vantagem, já que também esses países beneficiam do mesmo tipo de apoios. Restar-nos-ia a mão-de-obra barata. Mas também a este nível grande parte dos países do alargamento apresentam uma melhor oferta: Mão-de-obra mais barata e ainda por cima mais qualificada. Proposta difícil de recusar por parte dos Investidores Estrangeiros.
A juntar a este puzzle surgiu uma nova peça a que até há pouco tempo não era dada grande relevância: A China. O acordo estabelecido com a Organização Mundial do Comércio permitiu uma liberalização que irá ameaçar qualquer país que aposte no binómio preços baixos / baixa qualidade, perspectivando-se que a China assuma a breve prazo o papel de “fábrica” do mundo.Torna-se premente então perguntar: Portugal, que futuro? É certamente uma pergunta intrigante e que exigirá sobretudo uma grande revolução… de mentalidades! A grande aposta deverá passar essencialmente pelo binómio Inovação / Marketing, rompendo completamente com o que até agora tem sido feito.
Tanto numa área como noutra o nosso país tem poucos pergaminhos, investindo pouco em Inovação, e apesar de algumas melhorias nos últimos anos, continua a não ter uma forte aposta na área do Marketing.
Somos dos países com menor investimento do PIB em Inovação, assente essencialmente no sector estatal. Na área do Marketing o cenário não é certamente muito optimista. Quantas marcas globais foram criadas nos últimos anos no nosso país? Objectivo demasiado ambicioso dirão alguns. Não me parece. Resta-nos então perguntar: Quantas marcas europeias foram criadas recentemente em Portugal? Pois, a resposta também não é muito animadora.
Apesar de neste momento estarmos englobados num mercado europeu liberalizado, falta-nos um aspecto essencial que acaba por ser consequência natural de uma boa politica de inovação e de marketing: Internacionalização. Situação essa que acaba por ser fruto da visão limitada dos nossos empresários, considerando que o nosso mercado prioritário continua a ser este quintal à beira mar plantado.
Onde reside então o grande óbice a que este novo posicionamento estratégico se assuma definitivamente? Direi …Conhecimento, Competência e Ambição!
O nosso país além de ter um forte problema de qualificações dos seus recursos humanos, e ainda para mais em áreas-chave para o desenvolvimento de excelência que pretendemos alcançar, tem também um problema de competência ou melhor falta dela. Falta de rigor, falta de profissionalismo, falta de exigência. Somos o país do deixa andar.
Com este tipo de mentalidade dificilmente poderemos chegar longe, pior tenderemos a passos largos para a cauda da Europa, não a 15 mas a 25. Existem já projecções internacionais que demonstram que se nada for feito esse será mesmo o nosso destino daqui a uma geração. Resta-nos então decidir se é mesmo esse o caminho que queremos para o nosso país.
Deveremos de uma vez por todas eliminar este complexo de inferioridade característico de Portugal, e assumir de uma vez por todas uma maior ambição, dotando-nos rapidamente dos conhecimentos e competências que nos permitam apostar em áreas estratégicas. Apenas com uma visão coerente, estruturada e sustentável conseguiremos marcar pontos a nível internacional.
Demonstramos recentemente que ao nível da organização de grandes eventos internacionais realizados no nosso país foi possível apresentar desempenhos excepcionais ao nível do que de melhor é feito a nível mundial. Basta-nos então a todos nós assumir este tipo de profissionalismo, de rigor e de ambição em todas as nossas iniciativas, por mais pequenas que sejam, e certamente conseguiremos superar de vez o estigma do triste fado português, assumindo um novo papel para Portugal no Mundo: um país forte, ousado e ambicioso!
Sobre o Autor
Bruno Silva
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# Coach, Consultor e Formador nas áreas da Inovação, Marketing e Empreendedorismo, desde 2009 na InnovMark, colaborando também com Instituições de Ensino Superior, Entidades de Consultoria e de Formação profissional, Associações Empresariais, onde se incluem projectos geridos pela AEP, IAPMEI, IEFP, CIG, etc.
# Speaker / Orador, desde 2009, com mais de 100 presenças nos principais Congressos, Seminários, Workshops e Conferências nacionais e Feiras de Negócios nas áreas da Inovação, Marketing e Empreendedorismo.
# Fundador e Community Manager, desde 2006, do Portal Inovação & Marketing, que conta actualmente com mais de 70.000 Subscritores, considerando todos os formatos de subscrição, sendo um dos maiores projectos deste género em Portugal.
# Fundador e Community Manager, desde 2013, do “Dish Mob Portugal” que promove o espírito “Dish Mob”, e que está a transformar-se num dos principais movimentos nacionais de promoção do networking e aceleração de ideias nas áreas da inovação e do empreendedorismo.
– Licenciatura em Gestão pela Universidade do Minho.
– Pós-Graduação em Marketing pelo IPAM – Marketing School.
– Pós-Graduação em Gestão da Tecnologia, Inovação e Conhecimento pela Universidade de Aveiro
– Curso de Especialização em Empreendedorismo de Base Tecnológica pela Universidade de Aveiro
– Formações Profissionais em Vendas, Excelência Pessoal, Inteligência Emocional e Criatividade, Gestão do Stress, Organização de Eventos, Comunicação em Público, E-Business para PME´s, e também Pedagógica de Formador.